sábado, 14 de março de 2009

A dor que sentia era insuportável. Nada tinha graça. Quando percebi que o dia estava perdido, lutei. Fiz várias coisas divertidas e interessantes para tentar me distrair, mas ao invés de me animar, só me entristecia ainda mais... Pois percebia quão vão eram meus esforços. Eu sangrava, lentamente... Cada sorriso forçado que dava só aumentava ainda mais minha dor. Não podia mais mentir pra mim mesma impunemente.
Por que? Não parava de me perguntar, certa de que algo me escapava... Uma lágrima solitária se formava lentamente em meus olhos. Então subitamente outras começaram a lhe acompanhar. Transbordava compreensão. Era isso, então. Explicava um “tudo“ que abrangia toda a minha vida.

Era como se no fundo eu soubesse disso. Sempre sentia mais do que compreendia.
Sim, estava perdidamente apaixonada. Descobria também algo muito mais assustador. Estava doente. Mais doente do que poderia imaginar. O maior de meus temores, aquilo pelo qual eu passara toda a minha existência tentando evitar, acontecera. De uma forma que só perceberia quando já fosse tarde demais e o sofrimento, inevitável. Como poderia evitar se esse sentimento nunca tinha desabrochado dentro de mim? Qualquer atitude minha que me levasse a sentir alguma semelhança com minha mãe e sua vida doentia, me causava profunda dor. Uma dor insuportável. Muito mais forte do que eu. Me sentir correndo atrás da pessoa amada, em vão me doeu muito mais do que esperava. Ele conseguira. Estava contaminada com seu poder de destruição. No esforço para me proteger, adoecera às avessas.
Contudo, compreender mudara o que eu sentia. Era estranho, mas era parecido com alívio, resignação e curiosamente; paz. Sim, estava em paz comigo mesma.
Sempre soube que estava marcada. Mas imaginava que fosse uma marca indolor, de negação. Acreditava que ela era apenas uma hesitação, um temor de antecipação.
Me enganara. A ferida era ainda mais profunda.

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